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IndisciplinArte - A Escola Em Palco.


De 7 a 25 de novembro de 2022, o Agrupamento de Escolas José Estêvão foi invadido por artistas que vieram para indisciplinar. Com o apoio do P.N.A. - Plano Nacional das Artes, Hugo Branco (da VIC - Aveiro Art's House) trouxe-nos Santi Lesca, Frankão (com o projeto O Gringo Sou Eu) e Gabriela Benedeti
Santi Lesca e Frankão desenvolveram atividades com alunos das turmas do 5º, 6º  na EB2 de São Bernardo e dos cursos profissionais na Escola Secundária José Estêvão. 

Gabriela Benedeti realizou este filme que ilustra o que se fez e construiu.
Natural do Brasil, Gabriela Benedeti reside há 12 anos em Portugal, onde desenhou boa parte da sua jornada profissional, após finalizar o mestrado em Audiovisual Digital pela Universidade de Aveiro em 2017. Entusiasta da expressão artística através da imagem, tem se desenvolvido, nos últimos anos, em diferentes contextos onde a fotografia e, principalmente, o vídeo se revelam, de uma forma significativa e pessoal, ferramentas que estimulam a busca e a realização de conhecimento, e, por outro lado, permitem um lugar de fala, onde o ativismo por ideais nos quais se acredita são permeáveis. Através de objetos como documentário, autorretrato, animação, vídeo arte, vídeo jockey, stopmotion e diversos projetos, Gabriela têm como principal missão a produção de valor cultural e ambiental e a preservação da memória coletiva.

A propósito deste filme, a autora diz-nos:

Tive o prazer de integrar a equipa de artistas convidados para o projeto de residência artística no agrupamento escolar José Estêvão, no âmbito dos projetos contemplados pelo Plano Nacional das Artes. Estive responsável, sobretudo, pela documentação do projeto que envolvia mais dois artistas em ação, o Santi Lesca e o Frankão. Entretanto, com uma das turmas da Escola EB2.3 de São Bernardo, tivemos a oportunidade de desenvolver atividades ligadas ao mundo visual e cinematográfico através da prática. Assim, desenvolvi a documentação do processo geral, mas também dinamizei durante 3 semanas atividades práticas e de diálogos com os alunos.

A dinâmica voltada para a produção cinematográfica e/ou visual, teve 3 momentos diferentes. No primeiro e segundo momento salientamos as funções elementares na etapa de produção através da experimentação, como operador de áudio e auxiliar, operadores de câmera e auxiliares, o entrevistador e entrevistado, diretor de cena e iluminador.
Entretanto, fomos à prática e desenvolvemos uma primeira tentativa de reportagem, utilizando 3 câmeras (respeitando a teoria de espaçamento angular entre os dispositivos), um gravador de áudio e um rebatedor de luz (apesar do dia nublado). Num terceiro momento descobrimos e brincamos com o mundo da animação. Através do software “Character Animator”, desenvolvemos um momento de conversa sobre o mundo animado visual e experimentamos a manipulação de marionetas animadas através da atuação dos alunos mediante frases improvisadas pelos próprios.

Ao que diz respeito ao documentário, já é sabido que por mais planeamento e desenvolvimento da etapa de pré-produção, quando se trata, principalmente de documentário, os acontecimentos e mecanismos para se obter o que se pretende alteram-se substancialmente. E aqui entra mais um elemento fundamental na produção de documentários, o fator improviso. Devido a inúmeros fatores, como o clima do dia, material de filmagem e salas de aulas disponíveis, é preciso redesenhar um mapa de ação e atuação.

Vale lembrar que também foi sugerido aos alunos que se sentissem livres para filmar ou fotografar as atividades com os artistas, com a ideia de inserir este material no corpo do documentário para trazer a oportunidade de olhar pelos olhos dos alunos, e tornar este processo mais participativo. Curiosamente, foi pouco o material por eles disponibilizado. Talvez exista uma correlação com o envolvimento pleno dos alunos nas atividades propostas pelos artistas, onde o nível de atenção é totalmente voltado para aquele novo universo que está sendo proporcionado à eles. Todavia, toda a banda sonora utilizada para compor o documentário, foi produzida por eles durante os dias de atividades com os artistas de produção musical e instalações sonoras, além de alguns elementos de animação que compõem os intervalos do documentário, produzidos com os alunos durante a exploração do mundo animado.

A experiência foi gratificante e construtiva, tanto ao nível pessoal como profissional. Estar nas escolas exige uma adaptação constante à diversidade encontrada, no que diz respeito às diferentes idades, e contextos socioculturais, mas, sobretudo, à comunicação, porque quebra o sistema hierárquico proveniente dos modelos ainda hoje sustentados pela maioria das salas de aulas nas escolas. Sendo assim, implica-se.um aprendizado, tanto por parte dos estudantes como por parte dos artistas convidados, em uma nova forma de interação, de envolvimento e de comunicação.

O resultado é prazeroso à medida em que observamos o envolvimento dos alunos na construção de um objeto audiovisual, onde o ponto de partida foi a imaginação e criatividade de forma livre e, ao longo do processo foi sendo introduzido conhecimento técnico mais sólido. Entretanto, gostaria de ressaltar que, o tempo de duração deste projeto, permite, metaforicamente, plantar uma semente nestes alunos que participaram deste programa. Entretanto para semear e crescer, é necessário um tempo maior de nutrição e desenvolvimento destas atividades, seja à nível de tempo para a implementação da proposta extracurricular, e até mesmo no tempo de estadia com os estudantes.





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